Por Eduardo Campos e Alex Ribeiro , Valor, Brasília, 21/03/2018
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros, a Selic em 0,25 ponto percentual, para 6,5%, nova mínima histórica, e acenou que uma nova queda pode ocorrer na reunião de maio. A decisão desta quarta-feira foi unânime e veio em linha com o esperado pelo mercado. O atual ciclo de corte começou em outubro de 2016, com Selic a 14,25%.
Em comunicado apresentado após a reunião, o colegiado presidido por Ilan Goldfajn afirma que a possibilidade de nova redução, em maio, reduz o risco de a inflação não convergir para a meta de 4,5% em 2018 e 4,25% em 2019.
Para a próxima reunião, o comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional. O comitê julga que este estímulo adicional mitiga o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas. Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar à interrupção do processo de flexibilização monetária, no caso dessa mitigação se mostrar desnecessária”, diz o documento.
Para reuniões posteriores a que ocorrerá do mês de maio, o Copom vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária, visando avaliar os próximos passos, tendo em vista o horizonte relevante naquele momento. Tal avaliação pode mudar caso ocorram mudanças adicionais relevantes no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação.
Segundo o BC, a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa. E que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural, que é aquela que promove máximo crescimento com inflação nas metas.
Para o BC, a inflação evoluiu de forma mais benigna que o esperado nesse início de ano. De fato, em entrevista no começo do mês, Ilan disse que o comportamento benigno da inflação também tinha surpreendeu o BC.
A inflação acumulada no ano até fevereiro em 0,61%. Em 12 meses, o IPCA roda a 2,84%, contra projeção de 3,09% do Relatório de Inflação (RI). A meta para o ano é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto. Para 2019, a meta é de 4,25%, recuando a 4% em 2020
Para o Copom, o conjunto dos indicadores de atividade econômica mostra recuperação consistente da economia brasileira. Além disso, o cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica cresce globalmente. E isso tem contribuído até o momento para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes.
Em temos reais, os juros oscilam na linha dos 2,5% ao ano, menor patamar desde meados de 2013, considerando o swap de juro de 360 dias descontado da inflação esperada para os próximos 12 meses. Quando o BC começou o atual ciclo de baixa, o juro real estava ao redor de 6,9%.
(Notícia retirada integralmente do site http://www.valor.com.br/financas/)
*As opiniões expressas neste artigo não expressam, necessariamente, a opinião da IBBRA – Consultoria Financeira.